A escala de trabalho é a forma como a empresa organiza os dias de trabalho, os horários de entrada e saída que cada colaborador deverá cumprir, bem como os seus dias de descanso. Tudo isso é definido com base na legislação trabalhista brasileira, por meio da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que estabelece regras para carga horária máxima, intervalos e dias de descanso que devem ser respeitados, mesmo nas escalas mais diferenciadas.
Existem diferentes tipos de escala, e cada uma atende a necessidades específicas da empresa. Por isso, é de extrema importância que o trabalhador, mesmo durante a busca por um novo emprego, entenda como essa organização funciona, quais são os seus direitos e como isso pode impactar a sua rotina. Saber identificar a escala da vaga à qual você está se candidatando é essencial para avaliar se ela é compatível com sua rotina e expectativas dentro da organização.
Se você está em busca de uma vaga de emprego e se deparou com o termo “escala de trabalho”, saiba que ele pode gerar diversas dúvidas comuns a muitos profissionais e que vamos ajudar a esclarecer neste artigo.
Boa leitura!
O que são escalas de trabalho?
Escala de trabalho é a forma como a empresa organiza os dias de trabalho, as folgas e os horários de entrada e saída dos funcionários. Esse sistema garante que as atividades da empresa continuem funcionando conforme a necessidade e, ao mesmo tempo, que sejam respeitados os direitos dos trabalhadores previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), instituída pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Essa lei estabelece diversas regras sobre jornada de trabalho, intervalos, horas extras e períodos de descanso, com o objetivo de proteger os direitos dos trabalhadores e garantir relações de trabalho justas e equilibradas.
De acordo com a CLT, no artigo 58, a jornada padrão para trabalhadores urbanos é de até 8 horas diárias, totalizando 44 horas semanais, geralmente distribuídas entre segunda e sábado. Já o artigo 59 trata das horas extras, autorizando até duas horas extras por dia, desde que haja acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
O intervalo intrajornada, ou seja, o período destinado ao descanso ou alimentação durante o expediente, é regulamentado pelo artigo 71. Ele determina que, em jornadas superiores a 6 horas, o trabalhador deve ter um intervalo mínimo de 1 hora e máximo de 2 horas. Para jornadas entre 4 e 6 horas, o intervalo deve ser de, no mínimo, 15 minutos.
O descanso interjornada, que é o período mínimo de 11 horas consecutivas entre o término de uma jornada e o início da seguinte, está previsto no artigo 66-A da CLT, incluído pela Reforma Trabalhista de 2017.
O artigo 67 estabelece o direito ao descanso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. Esse ponto é especialmente importante em escalas como a 6×1, nas quais o trabalhador atua durante seis dias seguidos e tem uma folga.
Essas regras são fundamentais para que as escalas de trabalho sejam organizadas em conformidade com a legislação, respeitando os limites legais e os direitos dos trabalhadores. Empresas que descumprem essas normas estão sujeitas a penalidades e ações trabalhistas.
Para consultar diretamente a legislação, você pode acessar o texto completo da CLT no portal do Planalto: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
Em caso de dúvidas, vale buscar informações nas normas legais ou junto ao sindicato da categoria.
Qual a diferença entre jornada de trabalho e escala de trabalho?
“Jornada de trabalho” e “escala de trabalho” são termos com conceitos distintos, embora complementares, e que costumam gerar confusão para muitos profissionais.
A jornada de trabalho é o total de horas que um colaborador deve cumprir dentro de um determinado período, seja ele diário ou semanal. De acordo com a CLT, a jornada padrão no Brasil é de 8 horas diárias e 44 horas semanais, embora existam variações conforme acordos coletivos ou necessidades específicas da empresa.
Já a escala de trabalho refere-se à forma como essas horas são organizadas ao longo da semana ou do mês. Isso inclui a distribuição das jornadas, os dias de folga, o planejamento dos turnos e, quando necessário, os revezamentos entre os colaboradores.
Em resumo, a jornada de trabalho define o número total de horas que o trabalhador precisa cumprir, enquanto a escala de trabalho determina a forma como essas horas são distribuídas ao longo do tempo.
Principais tipos de escalas de trabalho
São várias as formas de organizar as jornadas de trabalho dentro de uma empresa, podendo variar de acordo com a necessidade do negócio e o acordo com o colaborador. A seguir, separamos os principais tipos de escala de trabalho, assim como suas características, para que você consiga entender cada uma delas.
Escala 5×2
É a escala mais comum, denominada “comercial”, em que se trabalha 5 dias seguidos por 2 dias de descanso, geralmente sábado e domingo.
A jornada comum é de 8 horas por dia ou 8h48 para completar as 44 horas semanais.

Escala 6×1
Comum em setores relacionados a comércio e alimentação, consiste em 6 dias de trabalho seguidos por 1 dia de descanso. Um exemplo seria trabalhar de terça a domingo, folgando na segunda-feira.
Nessa escala, o trabalhador tem direito a um domingo de descanso a cada sete semanas.

Escala 4×3
Uma escala bastante discutida atualmente, em que o colaborador trabalha por 4 dias seguidos e tem 3 dias consecutivos de descanso. É uma escala pouco comum no mercado, mas que busca oferecer maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Escala 12×36
Mais comum em setores que precisam de operação contínua, como saúde e segurança, a escala 12×36 consiste em 12 horas de trabalho seguidas por 36 horas de descanso.
Por exemplo, o trabalhador entra na segunda-feira, trabalha das 7h às 19h, e retorna ao posto somente na quarta-feira às 7h, após suas 36 horas de descanso.
A CLT permite essa escala mediante acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho.

Escalas prolongadas (18×36 ou 24×48)
Também utilizadas em setores que demandam funcionamento ininterrupto, principalmente em emergências e vigilância. São jornadas mais longas, com folgas proporcionais para garantir melhor qualidade de vida aos trabalhadores.
Por exemplo, na escala 18×36, o colaborador trabalha 18 horas e folga 36 horas; na 24×48, trabalha 24 horas e folga 48 horas.
Como montar uma escala de trabalho eficiente?
Montar uma escala de trabalho eficiente vai muito além de simplesmente distribuir as horas de trabalho ao longo da semana. Trata-se de um planejamento estratégico que leva em consideração não só as necessidades da empresa, mas também o bem-estar dos colaboradores e o cumprimento das exigências legais.
Uma boa escala deve ser capaz de otimizar a produtividade, evitar erros de planejamento e proporcionar um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal. Para isso, será necessário levar em conta os seguintes pontos:
➡ Conheça sua operação: Antes de qualquer coisa, é essencial entender as demandas de cada setor. Cada área pode ter funcionamento e horários específicos, e é importante que as escalas reflitam essas necessidades para garantir que a operação não sofra com a falta de pessoal em momentos críticos.
➡ Respeite a CLT: O cumprimento das normas da CLT é imprescindível. Ao montar as escalas, certifique-se de que está respeitando os limites de jornada, os períodos de descanso e os intervalos obrigatórios. Isso evita riscos legais e garante que os direitos dos colaboradores sejam respeitados.
➡ Utilize sistemas de gestão: O uso de softwares de gestão de escalas pode facilitar o controle dos horários e reduzir o risco de erros. Esses sistemas permitem visualizar toda a programação de forma clara, além de ajudar na comunicação com os colaboradores e na geração de relatórios.
➡ Ouça os colaboradores: Leve em consideração as preferências dos colaboradores, especialmente em relação a turnos e dias de folga. Quando possível, tente adaptar a escala às necessidades pessoais, o que pode aumentar a satisfação e o engajamento da equipe.
➡ Adapte-se às demandas: Em períodos de maior movimento ou demanda, como datas comemorativas ou temporadas de pico, flexibilize as escalas para garantir que a empresa tenha a quantidade necessária de funcionários para manter o desempenho.
Independente da escala de trabalho escolhida pela empresa, é fundamental que a organização se atente ao bem-estar do colaborador, garantindo condições adequadas para o desempenho de suas funções e respeitando as normas estabelecidas pela CLT, para assegurar não apenas o cumprimento legal, mas também a saúde física e mental dos trabalhadores.
Vantagens de uma boa escala de trabalho
Uma escala de trabalho bem estruturada traz benefícios significativos tanto para a empresa quanto para os colaboradores. Além de contribuir para a eficiência operacional, ela é fundamental para criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, pois uma boa escala ajuda a promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos colaboradores.
Ao organizar as escalas de maneira eficiente, a empresa pode reduzir a necessidade de horas extras, que geram custos adicionais, e, com uma programação bem planejada, as demandas são atendidas dentro do horário regular de trabalho.
Além disso, quando as escalas são justas e equilibradas, o absenteísmo (ausência ao trabalho) e o turnover (rotatividade de funcionários) tendem a diminuir. Os colaboradores se sentem mais satisfeitos e motivados, o que reflete em maior presença no ambiente de trabalho e aumento da produtividade dentro da organização.
Por fim, uma escala de trabalho bem montada melhora a satisfação e o engajamento dos colaboradores. Eles percebem que a empresa se importa com seu bem-estar, o que fortalece o vínculo entre o colaborador e a organização, além de contribuir para um ambiente de trabalho mais saudável e harmonioso.

As escalas de trabalho são fundamentais para o funcionamento das empresas. Elas desempenham um papel essencial na organização das atividades diárias, pois garantem que os horários de trabalho sejam distribuídos de forma eficiente e equilibrada. Além disso, as escalas são uma ferramenta crucial para respeitar a legislação trabalhista, garantindo que as empresas cumpram as exigências da CLT, ao mesmo tempo que atendem às necessidades e expectativas dos colaboradores.
Ao adotar escalas bem planejadas, a empresa pode alcançar uma série de benefícios, como a melhoria do clima organizacional, a redução de custos com horas extras e a maior satisfação dos funcionários, que têm suas jornadas respeitadas.
Uma boa gestão de escalas também contribui diretamente para o aumento da produtividade da equipe, pois um colaborador bem descansado e com uma carga de trabalho equilibrada tende a ser mais eficiente e comprometido com suas tarefas.
A chave para o sucesso dessa prática está no planejamento estratégico aliado à empatia, ou seja, compreender as necessidades dos colaboradores e alinhar isso aos objetivos da empresa. Quando esse equilíbrio é alcançado, os resultados positivos são notáveis, tanto em termos de desempenho quanto de retenção de talentos e satisfação no trabalho.
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